Em meio a brisa leve de Fevereiro, segui para um imenso campo. Deitada, comecei a contemplar o céu que estendia seu tapete pontilhado a minha frente. Ao passo que o tempo ia, tudo se aquietava. O pesado se transformava em leve.
Tudo era inebriante. O cheiro do capim molhado pelo sereno, o som dos animais a agradecer a noite, o céu, o barulho de um riacho ao longe, o ruído das folhas das árvores. Eu podia sentir as estrelas me chamarem para brincar com elas. Queria voar.
Cada vez que me concentrava, a escuridão tornava familiar tudo ao redor. Pude ver quão imenso era a natureza. Aquele céu estrelado que se estendia além das montanhas. O campo me parecia bem maior naquela hora. Me senti pequena e que nada de mim era importante. Minhas palavras, roupas, fisionomia, status. Eu valia tanto quanto a menor estrela.
Senti-me tão livre quando me vi assim. Eu não precisava ser nada, não tive que ser nada. Ali ninguém me julgaria. Descobri que mesmo não aparecendo como as maiores estrelas, as pequenas estrelas também brilham, e são elas que tornam as noites bonitas. É assim no céu da vida. Deus não julga seus filhos pelo tamanho deles, mas pelas atitudes.
Depois, senti meu peito encher de um sentimento desconhecido e uma vontade louca subiu-me pela garganta e palavras fluíram por ela. Não tive controle, então deixei que saísse tudo aquilo que precisasse. Nunca esquecerei. Naquele dia eu fiz a maior e mais intensa das minhas orações. E hoje sei, que não é pelos outros, mas pelo meu coração que acredito: Deus existe e o maior amor vem dele.
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