"A imaginação é mais importante que o conhecimento."

Albert Einstein



terça-feira, 26 de abril de 2011

Piada Cabeluda (literalmente)

Eu estou morando com a minha mulher há um ano. E só quando você passa a morar na mesma casa que uma mulher é que você se dá conta de quanto cabelo uma pessoa humana é capaz de produzir. Meu Deus do céu!
Quando minha mulher sai do banho a sensação que eu tenho é de que ela não tomou banho sozinha. Estavam com ela no box a Elba Ramalho e a Vanessa da Mata ensaiando para o novo show da banda Calypso. Não é possível.
Tem cabelo no banheiro inteiro. Tem cabelo no chão, cabelo na pia, cabelo na parede! Como é que o cabelo subiu pela parede? Parece que eu ganhei um banheiro de pelúcia. Eu estou prestes a instalar um Roto-Rooter no ralo do meu chuveiro. Com o que junta de cabelo pelo azulejo, dá para fazer uns três topetes para o Justus e ainda sobra um restinho para preencher o que falta do Perlingeiro.
Eu não sei se mulher faz de propósito, se depois que casa resolve demarcar território e fica jogando cabelo pela casapensando: "Se ele acha que vai trazer vagabunda para cá, está muito enganado." Amigo se você não quer ter um gato nem um cachorro no seu apartamento porque eles soltam muito pelo, não case.
Mas, para mim, o impressionante é que elas perdem um kilo e meio de cabelo por banho e você não nota diferença na cabeça dela depois que seca! Ela continua com o mesmo penteado. Se eu perdesse por banho a quantidade de fios que ela perde perde, só me restaria virar Hare Krishna. Eu casei com o primo It da Família Addams!
Mas é que mulher tem uma relação muito particular com esse ser, o cabelo. Eu só percebo o cabelo da minha mulher quando ele entope meu ralo, mas minha mulher consegue ver um fio de cabelo na minha blusa num raio de cem metros. E a pergunta típica é a mais surreal: De quem é esse fio de cabelo? Como é que eu vou saber de quem é esse fio de cabelo? Eu não tenho como fazer DNA dessa amostra.
Ela pergunta como se eu fosse uma espécie de Ratinho do relacionamento, uma Márcia Goldschmidt da relação a dois. Quem será o "pai" dessa "criança"? Esse cabelo pode ser de qualquer pessoa no planeta que tenha cruzado comigo na rua. Mas é claro que eu tenho a sempre responder:
-É seu.

E ela:
-Loiro?

E eu:
-Então é meu.

O dia que aparecer um fio ruivo eu tô ferrado. E é uma pergunta que não faz o menor sentido. Como é que eu saberia de quem é aquele fio? Eu guardo fios no bolso e vou jogando a esmo pelo meu corpo para o meu visual ficar mais Street? É isso?

-De quem é esse fio?

-Esse? Ah, esse é do Elias, o porteiro, que eu guardei aqui em cima do meu ombro que é para eu não esquecer de pagar o condomínio. Esse outro é da tua mãe, que amanhã é aniversário dela e eu não posso deixar de ligar para dar meus parabéns.
Esse radar que mulher tem para achar fio de cabelo em lugares ermos do mundo podia ser usado para causas mais nobres. Eu tenho praticamente um C.S.I do couro cabeludo morando comigo! O FBI precisa saber da sua existência!
Só olhando para um fio, minha mulher sabe me dizer que ele é moreno, oleoso, tem ponta dupla, recebe chapinha, é tingido e está quebradiço. O que para mim é só um cabelo, para ela é um mundo de possibilidades. Ela vai além, consegue enxergar mais fundo, ela é uma espécie de Chico Xavier capilar.
Com um fio ela faz o que Magaiver não faria com um clipe. Eu arrisco dizer que ela seria capaz até de prever o futuro na cabeça de qualquer pessoa, basta você dizer que xampu está usando. Está aí, vou começar a ganhar dinheiro com isso. Trago o cabelo da pessoa amada em três dias.



Texto: Fábio Porchat para a Revista O Globo.

Um comentário:

Jessica disse...

Ri sozinha agora, só você Thais!