"A imaginação é mais importante que o conhecimento."

Albert Einstein



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Orelhuda



Às vezes me pergunto o que realmente é certo. Perto de certas pessoas minhas convicções se tornam ideias estúpidas e sem sentidos, perto de outras parecem geniais e únicas. No que acreditar? Sou estúpida ou uma genia?

Esses dias, por obséquio de problemas pererecáis, fui atrás de uma ginecologista que pudesse me atender imediatamente não sou lá muito de esperar. Nessas minhas "caçadas" eu sempre encontro alguém ou alguma coisa que chama minha atenção. Bom, essa vez não poderia ser diferente.

Depois de rodar a cidade inteira 20 KM no total, encontrei uma ginecologista. O problema era que ela chegava uma hora mais tarde. Eu esperei uma hora e meia, e nessas uma hora e meia tive que ouvir a história da paciente e sua amiga que sentavam ao meu lado no banco.

Que feio, Thaís, ouvindo a conversa dos outros. Dane-se. O fato é que me surpreendi com a conversa. Quer dizer, não pela conversa em si, mas pela convicção da pessoa em dizer que aquilo era certo. É, meus caros leitores, aquilo me fez parar para pensar e rever certos conceitos.

Bom, não vou relatar tintim por tintim não tenho saco de escrever e nem você de ler, mostrarei só o necessário. A moça, que devia ter mais de 30 anos pela cara, contava suas peripécias...é...amorosas-sexuais com seus como ela disse mesmo? Num era parceiros...  sócios Rá!. Em certo momento até chegou a errar o número deles, ajustando depois de uma ligação na qual desligou com a desculpa de que era a vez dela de ser atendida. A ginecologista nem tinha chegado.

Ri com a situação. A mulher era uma peça, ou melhor, uma personagem daquelas de novela, sabe? Como aquela que botava sonífero no leite do marido para sair de casa e pegar "os bofe".  Falava alto e não tinha vergonha de dizer seus atos. Ela, muito mais que eu, ria de tudo isso. A diferença era que eu ria de achar tudo tão absurdo que chegava a ser cômico. Ela já ria de maldade mesmo, feliz por fazer os homens de babacas, aqueles mesmos homens que talvez um dia brincaram com os sentimentos dela. Pelo menos parece, né.

Mas ela não dizia simplesmente seus atos, justificava-os também. Em certa hora, chamou a amiga de boba por não trair e disse que fazia mesmo, vivia a vida mesmo e não se arrependia de nada, até parava e pensava: "Eu fiz isso mesmo? Ééé, fiz." e ria. "Ih, menina, eu faço mesmo. Os homens não prestam, fazem isso com a gente. Dizem que amam, mas não ama nada. Quando é para trair, trai que nem sente. E com mulher pior que a gente ainda. Por isso que eu faço mesmo." Isso me fez pensar.

Normalmente eu criticaria ela, por impulso preconceituoso meu, confesso. Acho traição idiotice, perda de tempo e uma grande encheção de saco. É tão mais fácil meter o pé na bunda do que trair por preguiça de terminar. Maaaaas, eu pensei: "estaria ela totalmente errada?"

Não, não estou dando razão a ela, mas também não estou tirando. Apenas observo, tento ver sentido nisso. E o que me fez pensar mais ainda foi a  frase que ela usou para justificar o ato dela, na qual disse que os homens faziam o mesmo e sem dó. Esse modo de viver é uma defesa dela, equivocada. Com certeza ela sofreu com traição e decidiu agir como os homens.  A maioria das pessoas que sofreram com isso pensaram em agir assim. Eu pensei, só que não tenho cara disso, não tenho fiofó para encarar isso.

Depois de saber dos causos "macabros" dela, finalmente a ginecologista chegou. Veio com um carrinho, daqueles de feirinha, cheio de remédios. Demorei a perceber que era a médica. Algo a vista, a ginecologista só podia ser comédia. Ô dia longo.

Enfim, aquela louca que brincava com os homens me deixou realmente encacuscada e pensativa. Talvez um dos motivos de alguns homens traírem seja pelo mesmo motivo que o dela, autodefesa e falta de vergonha na cara. O que leva tudo a um grande círculo vicioso. Ou seja, a maioria dos relacionamentos amorosos são uma merda, vá ganhar dinheiro e viaje pelo mundo que dá mais certo. E traga vinho para mim. E chocolate também.

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